quinta-feira, 31 de julho de 2008

Mais uma história

Olá amigos!!!
depois de uma ausencia demorada , aqui estou novamente a contar mais umas histórias do Panchatantra que pertencem ao livro "Desunião de Amigos"
...o tempo que dure a nossa vida, ainda que seja só um instante, devemos procurar que atraia a admiração dos homens, por reunirem em si ciência, heroísmo; poder e nobres virtudes; só a isso os Sábios chamam vida neste mundo.
O corvo vive,na verdade, muito tempo, e come os despojos dos sacrifícios.
Um pequeno rio enche-se facilmente; um buraco de ratoeira enche-se depressa; o homem cobarde é fácil de contentar e satisfaz-se com pouco.
Porque:
De que serve o nascimento daquele que nada mais faz senão roubar a juventude à mãe, e não se eleva como estandarte à frente da sua família?
Porque:
Até a erva que cresce nas margens dos rios é útil o nascimento; pois serve de apoio à mão do Homem que , perturbado, se afoga.
Assim pois:
Homens de proceder desinteressado e constante que sejam consolo dos seus semelhantes, nascem raros no mundo; tal como as nuvens elevadas que se mantenham fixas beneficiando-nos com a sua àgua.
Por isso os Sábios recordam a grande veneração que se deve a uma mãe que leve no seu seio um feto que venha a ser objecto de admiração até dos grandes.
O homem poderoso cuja capacidade não se manifeste, ganha o desprezo das gentes. Oculto o fogo na lenha, ninguém faz caso dele; só quando se inflama.
.... mas o homem sábio adivinha o que não se diz, porque as faculdades intelectuais penetram no interior das coisas através dos sinais exteriores.
No Manu diz-se:
Pelo aspecto exterior, pelos gestos, movimentos, atitudes, voz e aspectos distintos dos olhos e da cara, conhece-se o íntimo.
....
-Se não conheces os deveres do criado -objectou Karataka- como esperas conseguir a vontade do amo?
-Tal com os Pandavas aprenderam no tempo que passaram na cidade de Virata -respondeu Damanaka-todos os deveres do criado, que o grande rixi Dhaumya lhes ensinou, assim eu os aprendi:
Três espécies de homens recolhem os dourados frutos da terra; o herói, o sábio consumado e o que sabe servir.
o verdadeiro serviço consiste em procurar a utilidade do amo e fazê-lo compreender por palavras. Só assim e não de outro modo pode o sábio alcansar a protecção do rei.
Aquele que não sabe apreciar as virtudes do criado, é homem a quem o sábio não deve servir; pois nehum proveito se tira dele, como não se tira de uma terra salitrosa, por muito que se cultive.
Ainda que não tenha riquezas nem outros atributos do poder, deve ser servido o rei que seja respeitável pelas suas virtudes; porque a recompensa por esse serviço alcança-se ainda que seja muito tempo depois.
Ainda que tenha de estar firme como um pilar, extenuado e morto de fome, nunca o sábio deve procurar o seu sustento como uma besta irracional.
O criado odeia o amo miserável e rude no seu trato; porque não se odeia a si mesmo aquele que não sabe distinguir se um homem é digno ou não de ser servido?
Os criados que, tendo-se acolhido à protecção de um rei, passem fome e não tenham descanso, devem abandoná-lo, tal como se abandona a arka, ainda que seja sempre cheia de frutos e de flores.
Com a mãe e a rainha, o príncipe herdeiro e o primeiro- ministro, o capelão e o primeiro do palácio, deve proceder-se como com o rei.
Aquele que ao ser mandado responde viva, compreende bem o que lhe mandam e o faz sem hesitação, pode ser favorito do rei.
Aquele que faz bom uso da riqueza devida ao favor do rei e veste o seu próprio corpo com o traje e demais insígnias, pode ser favorito do rei.
O que na batalha marche à frente, indo sempre atrás na cidade, e no palácio fique à porta, pode ser favorito do rei.